É o fim!
O fim... 48... 48 horas a separam do ínicio e do fim da sua vida... 48 horas é o tempo que lhe resta para começar tudo o que nunca começou, fazer o que nunca fez, e em 2880 minutos tentar recuperar a sua alma e puder partir em paz...
É pouco tempo? É muito tempo? É o tempo que ela já teve e nunca o utilizou... nunca... Agora vê-se encurralada, vê-se pressionada por estes longos e ao mesmo tempo curtos 172800 segundos.
Ela tem tanta coisa para resolver, tanta... Por onde vai começar? Claro... Falar com a mãe, dizer-lhe que gosta dela, mas que toda a vida se sentiu sufocada, que pelo menos nos seus dois últimos dias quer passá-los sem as suas interrogações e recriminações. Ela só quer(ia) poder arcar com tudo, com a responsabilidade, saber se é capaz de o fazer e não levar com as recriminações daquilo que não tem capacidade simplesmente porque nunca a deixaram experimentar fazer sozinha...
Depois... depois com certeza ela irá abraçar a mãe, beijá-la e sair para se despedir da irmã e dos seus cães, ela não vive sem eles...
Vai despedir-se dos amigos, dos sítios, dos cheiros, dos sons, das imagens, das pessoas... e por fim, ela vai ter com ele, o causador das suas angustias, das suas alegrias, vai dizer-lhe que o ama que sabe que também é amada embora lhe diga que não, vai tentar-lhe explicar que não sabe já o motivo por terem ficado tanto tempo separados, e que não faz sentido isso acontecer...
Vai beijá-lo quando ele tentar dizer que não, que já decidiu que ela não faz parte da sua vida e caindo em seus braços só lhe pedirá que faça parte da sua morte...